18.12.17

Sexto soneto de Natal

Não digo do Natal que é da natura
das coisas ser assim, sabendo nós
que a fuga para a frente se afigura
um modo de esquecer quem não tem voz,
mesmo quando os sem voz estão na sopa
dos pobres que se serve nesta altura
e figuram na fila filantropa
que avança com flashes à mistura;
não digo do Natal que a natureza
das coisas tem de ser como se vê,
um modo de assear, fazer limpeza
ao chão da consciência de quem crê
piamente na caridadezinha,
por amor do Natal que se avizinha.


© Domingos da Mota



1 comentário: