16.4.13

O rombo

Basta, meu velho,
basta de ser
verbo-de-encher.

Estes diabos
são insolentes,
alçam os rabos,
mostram os dentes
e redesenham
novos pacotes,
novos embrulhos
excruciantes,
piores que Judas
Iscariotes.

Reviram itens,
pontos e vírgulas
e portarias,
lavram despachos
que nem Calígula
se atreveria.

Fazem das suas:
e grassa a fome,
a fome negra
que enche as ruas,
e tudo em nome
do que os cega.

Basta, meu velho.

Mas se duvidas,
como Tomé,
pega no dedo,
toca na ferida,
e vê o rombo
que tens, José.

© Domingos da Mota


6 comentários:

  1. Dava uma bela canção!
    ~CC~

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    1. CCF,

      grato pela visita e pelo comentário. Quanto à putativa "canção", se houver alguém que se disponha a musicar o poema, é uma questão de dizer, e de mostrar o seu trabalho.

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    2. Domingos,
      Gosto imenso da forma como a tua poesia satiriza a sociedade, com dedo certeiro e uma pitada de humor inteligente.
      Beijo
      Nanda

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    3. Cara Nanda,

      Grato pela visita e pelo comentário.

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  2. Gostei muito do conteúdo, do ritmo que imprimiu às palavras.

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    1. Jaime A.,

      Grato pela visita e pela apreciação do sermão.

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