19.1.14

O INOMINÁVEL

Nunca
dos nossos lábios aproximaste 
o ouvido; nunca
ao nosso ouvido encostaste os lábios;
és o silêncio,
o duro espesso impenetrável
silêncio sem figura.
Escutamos, bebemos o silêncio
nas próprias mãos
e nada nos une
- nem sequer sabemos se tens nome.

Eugénio de Andrade

Poesia [ofício de paciência], Fundação Eugénio de Andrade, 2000