9.9.19

é comovente, a tua poesia

é comovente, a tua poesia
chego a ter pena de ti e às vezes medo

ardes-me na mão como uma brasa ao rubro
e eu sinto-a e apetece-me levá-la à boca, queimar-me.

adorava que me visitasses mais vezes
tens um quarto cá em casa, louceiro, agasalho
e pão, ainda fresco, coberto com um pano, na masseira de pinho

aguardarei todos os dias, enquanto pascerei vacas até que venhas
e ordenharei úberes brancos, de leite branco e espumoso, meu poeta.

não te esqueças, às vezes tenho fome, muita fome e o jejum mata-me.

Aurelino Costa

Domingo no Corpo, Ilustrações, Anxo Pastor, Foto do Autor, Raúl da Costa, Deriva Editores, Porto, Janeiro de 2013

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