19.12.19

RIR, ROER

E se fôssemos rir,
Rir de tudo, tanto,
Que à força de rir
Nos tornássemos pranto,

Pranto colector
Do que em nós sobeja?
No riso, na dor
Que o homem se veja.

Se veja disforme,
Se disforme for.
Um horror enorme?
Há outro maior...

E se não houver,
O horror é nosso.
Põe o dente a roer,
Leva o dente ao osso!

Alexandre O'Neill

POESIAS COMPLETAS, Assírio & Alvim, Lisboa, Maio 2007

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