11.9.25

Dies Irae

    o ódio sopra uma bolha de desespero
     na vastidão do sistema do mundo do universo e explode

     e. e. cummings


Falo
agora dos tempos cegos,
surdos, das vinganças
cruéis, dos ódios

roucos, do terror
a bramir, do absurdo
encharcado de fé
até aos ossos. Das torres,

do poder, de tanto orgulho
a ruir das alturas,
bruscamente

(do riso amarelo dos abutres)
e da fúria das águias
e dos ventos.

© Domingos da Mota

Bolsa de Valores e Outros Poemas, Temas Originais, Lda., Coimbra, 2010