17.10.11

O MOMENTO DE

Talvez seja o momento de.
Mesmo sem esperança. E ele escreve:
nenhum impulso para ti
neste espaço deserto.

Ele perscruta entre as pedras e as sombras.
Nada vê. Ignora. Olha.
Que traços são estes,
qual a origem destas palavras nulas?

Ele escreve. O seu desejo é o desejo
de tornar habitável o deserto.

António Ramos Rosa

A MÃO DE ÁGUA E A MÃO DE FOGO, Antologia Poética, Selecção e Organização de António Ramos Rosa, Posfácio de Maria Irene Ramalho Sousa Santos, «Fora de Texto» Cooperativa Editorial de Coimbra, CRL, Outubro/87

2 comentários:

  1. Bom dia: gosei muito deste poema...mas ...vim do "literatura Portuguesa" e me extasiei com o seu texto...
    Excelente...o poeta que fala das palavras, das sílabas ...do poema...
    Uma maravilha.
    grata por partilhar connosco.

    BShell

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  2. Cara BlueShell,

    Obrigado pela visita e pelo comentário.

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