10.8.22

SEM NADA DE MEU

Dei-me inteiro. Os outros 
fazem o mundo (ou crêem
que fazem). Eu sento-me
na cancela, sem nada
de meu e tenho um sorriso
triste e uma gota
de ternura branda no olhar.
Dei-me inteiro. Sobram-me
coração, vísceras e um corpo.
Com isso vou vivendo.


Rui Knopfli


Uso Particular (poemas escolhidos de Rui Knopfli)
, edição do lado esquerdo, Coimbra / Fundáo,  Julho de 2017

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