A fome não é um verso que tu digas
na aragem de desceres a madrugada.
É uma escassez de ombros que são vidros
partidos pelas mãos de quem os guarda.
É o imaginar-te ali, aqui tão perto,
e encontrar apenas a cerrada
névoa que é tangente ao som do nada.
João Rui de Sousa
OBSTINAÇÃO DO CORPO, Edição O MIRANTE - Jornal da Região do Ribatejo, Santarém, Outubro de 1966
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