8.12.14

Confissão

Usarei a palavra que me resta,
por muito que indicie algum desgaste,
a palavra que luta, que protesta,
a palavra que brilha por contraste

com os dias pejados de negrume
que tendem a fazer da depressão
o lugar ideal para o queixume
desdobrar a penosa confissão.

Usarei a palavra que persigo,
que não digo apenas por dizer,
a palavra vital como o presigo,

que pode resistir se a mantiver
a salvo dos ardis do inimigo
ou dalgum salvador que aparecer.

© Domingos da Mota

(poema publicado, com uma leve alteração, na Antologia Confissões, Lua de Marfim Editora, 2014)

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