Usarei a palavra que me resta,
por muito que indicie algum desgaste,
a palavra que luta, que protesta,
a palavra que brilha por contraste
com os dias pejados de negrume
que tendem a fazer da depressão
o lugar ideal para o queixume
desdobrar a penosa confissão.
Usarei a palavra que persigo,
que não digo apenas por dizer,
a palavra vital como o presigo,
que pode resistir se a mantiver
a salvo dos ardis do inimigo
ou dalgum salvador que aparecer.
© Domingos da Mota
(poema publicado, com uma leve alteração, na Antologia Confissões, Lua de Marfim Editora, 2014)
Gostei!
ResponderEliminarJosé Félix