28.1.13

CANETA DE SUA MÃO

                                                                (Para a Celina)


Seguro esta caneta, escrevendo
por varanda de hospital. É bonita,
a caneta, eu é que tenho estado
um pouco mal. Derramei-me por

sangue e tinta preta, reeencontrei
o sol, as borboletas roçaram-me
o seu pólen de veneno, salvou-me
um balão de horas e formol.

Suspenso, o mal que tive foi um mal
civil, não foi um mal de Império,
felizmente. É bonita a caneta

com que escrevo daqui, desta varanda
de hospital. E não é feia a minha
mão. E é pequena. E sente.

Ana Luísa Amaral

Entre dois rios e outras noites, Campo das Letras - Editores, S. A., Porto, Novembro de 2007

2 comentários:

  1. Gostei da poesia e coloquei o teu blog no meu

    http://varenkadefatima.blogspot.com

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    1. Varenka,

      Agradeço a visita e a amabilidade.

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