27.1.13

A Poesia

          Para Carlito Azevedo


seta sem forma,
a poesia,
perpassa,
atravessa
a sala,
o quarto,
o inabitável,
revira as gavetas
do armário,
voraz,
veloz,
perfura o in-
visível
e acerta o

íntimo:
dardo sem fins,
a poesia,
ultrapassa
a conversa e
o cerne do silêncio,
perfura a frágil folha
da existência,
às cegas,
salta
do imprevisto,
sobre as sobras
do infinito
e crava-se em

algum sentido:
lança sem freio,
a poesia,
traspassa,
dispersa-se,
sem código de barras
ou marca d'água,
afunda-se
no istmo do que se saiba,
faca afiada, pronta
pra tudo
ou nada,
finca-se
em si.

Adriano Nunes

com os meus agradecimentos, de LARINGES DE GRAFITE, Edição Vidráguas, Porto Alegre, Brasil, primavera de 2012

2 comentários:

  1. Caro amigo Domingos,

    muitíssimo grato,


    Abraço forte,
    Adriano Nunes.

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    1. Caro Adriano Nunes,

      Sou eu quem renova os agradecimentos.

      DM

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