13.6.21

Sol nulo dos dias vãos

Sol nulo dos dias vãos,
Cheios de lida e de calma,
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma!

Que ao menos a mão, roçando
A mão que por ela passe,
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!

Senhor, já que a dor é nossa
E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguém!

Fernando Pessoa

Obra Poética [Cancioneiro], I Volume, Círculo de Leitores, 1986

1.6.21

CÃES


Cães batidos
ganindo guinando
correndo atrás dos seus latidos
como de ossos

Daniel Jonas

Cães de Chuva, Assírio & Alvim, Porto, Fevereiro de 2021