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para quê dar-te o sopro, o útil
sopro de respirares?
o espelho da homenagem, a
compostura da pose?
para quê escrever o exagero
do que és? inventar-te
num jardim das delícias, as torturas
que simulas? terás alma?
amaste alguém? sofreste?
para que hás-de cumprir-te ou ouvir música,
afivelar a máscara, a diferença
dos seus lugares comuns?
nenhuma loquaz
invenção te suscita.
Vasco Graça Moura
Os Rostos Comunicantes, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1984
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