oh
se os tivessem
assassinado na juventude
oh
mas o passado
sabe
proteger-se
não sei já
de qual deles falávamos
se era de todos
de todos os que tiveram
os seus incêndios do Reichstag
Bush
o seu 11 de Setembro
Pinochet
as suas panelas das domésticas
já não sei
mas que adiantava
neste mundo
onde os criminosos se instalaram
com a sua conhecida lei
dos 3 magos do Ocidente
Elias
Melias
Melambes
Alberto Pimenta
de nada, Edição Boca - palavras que alimentam, Lda., Novembro de 2012
17.7.13
13.7.13
[Eu tenho de nação ideias desmembradas]
Eu tenho de nação ideias desmembradas,
comungo do ranger de dentes
com os vizinhos,
comungo de açularem
os perros uns contra os outros,
mas não eu contra todos,
só contra alguns,
e mesmo assim
isolo-me no bosque do silêncio,
fujo para esta folha,
os cães ficam lá fora.
No entanto, eu que empunhei o fogo
sem Deus se ter lembrado
de chamar a águia,
quando os sinos e as sirenes
soarem a rebate, terei de ir,
o fígado desfeito por cirroses
somadas de desgosto,
embora aos meus vizinhos
pouco falte para se armarem
nos conflitos de bairro,
em defesa do quarto e da cozinha.
No fundo, sei que sou o tempo,
as minhas coordenadas e as alheias,
e daí que haja tempo para tudo,
um tempo para a paz,
um tempo para a vida,
um tempo para a guerra e para a morte,
um tempo para ser-se tudo e nada
ao mesmo tempo, a pele dos outros
que desvisto com suma falta de piedade.
Daí que não acredite em maiorias.
As maiorias são volúveis,
fácil é comprar-lhes
a consciência e o nome da rua,
e agora os estrangeiros chegam,
estendem as metástases,
ocultam lentamente o sol,
e os olhos de tal gente
tornam-se mortiços e cegam.
Somente um genocídio podia convencê-la
de que havia um reduto aqui
e não sei se acreditava,
tantas formas há de se confiscarem
as cidades, os campos, os mosteiros,
os palácios, a Língua,
um longo rol de fábricas,
a energia dos rios e do vento,
milhões de vozes
que constroem o amor
a partir de satélites,
e ninguém se interessa:
é pouco provável
que os estrangeiros entrem numa aldeia
ou assolem as ruas suburbanas
e sejam invisíveis,
embora não se vejam.
Nuno Dempster
UMA PAISAGEM NA WEB, &etc, 2013
comungo do ranger de dentes
com os vizinhos,
comungo de açularem
os perros uns contra os outros,
mas não eu contra todos,
só contra alguns,
e mesmo assim
isolo-me no bosque do silêncio,
fujo para esta folha,
os cães ficam lá fora.
No entanto, eu que empunhei o fogo
sem Deus se ter lembrado
de chamar a águia,
quando os sinos e as sirenes
soarem a rebate, terei de ir,
o fígado desfeito por cirroses
somadas de desgosto,
embora aos meus vizinhos
pouco falte para se armarem
nos conflitos de bairro,
em defesa do quarto e da cozinha.
No fundo, sei que sou o tempo,
as minhas coordenadas e as alheias,
e daí que haja tempo para tudo,
um tempo para a paz,
um tempo para a vida,
um tempo para a guerra e para a morte,
um tempo para ser-se tudo e nada
ao mesmo tempo, a pele dos outros
que desvisto com suma falta de piedade.
Daí que não acredite em maiorias.
As maiorias são volúveis,
fácil é comprar-lhes
a consciência e o nome da rua,
e agora os estrangeiros chegam,
estendem as metástases,
ocultam lentamente o sol,
e os olhos de tal gente
tornam-se mortiços e cegam.
Somente um genocídio podia convencê-la
de que havia um reduto aqui
e não sei se acreditava,
tantas formas há de se confiscarem
as cidades, os campos, os mosteiros,
os palácios, a Língua,
um longo rol de fábricas,
a energia dos rios e do vento,
milhões de vozes
que constroem o amor
a partir de satélites,
e ninguém se interessa:
é pouco provável
que os estrangeiros entrem numa aldeia
ou assolem as ruas suburbanas
e sejam invisíveis,
embora não se vejam.
Nuno Dempster
UMA PAISAGEM NA WEB, &etc, 2013
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