Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Eugénio de Andrade
Conjugavas as palavras
transparentes num rio
caudaloso de águas roucas.
Simples, tão ousadas,
tão ardentes soltavam
as paixões de boca em boca.
Palavras limpas, levantadas,
densas, a galope no dorso
do verão. Inteiras? Ateadas?
Ternas? Tensas? -- Traziam
o futuro pela mão. (Tantas
palavras por aí pisadas.
.-- À procura de voz, quantas
estarão? Semeadas na terra?
Agasalhadas? -- Vê o chão
em pousio: este chão).
Domingos da Mota
Bolsa de Valores e Outros Poemas, Temas Originais, Lda., Coimbra, 2010
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