Como uma cereja e,
Comendo a cereja, o meu corpo
Pede as cerejas todas do mundo,
Mas não posso comer as cerejas todas do mundo,
Pois faltam-me as cerejas que comeram
Sócrates, Hipasos de Metaponto
E os velhos camponeses da Gália,
Ou até os escravos de Roma.
Assim, como uma cereja
E deixo o gosto de a comer
Ficar em mim pelo gosto
De todas as cerejas que possa haver.
Uma cereja como todas as cerejas,
Uma cereja por todas as cerejas.
Manuel Resende
Poesia reunida, Posfácio de Osvaldo M. Silvestre, Edições Cotovia, Lda., Abril de 2018
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