4.2.19

DESESPERO

Nem a alegria nem o amor
poderemos esquecer à entrada dos bosques
quando regressamos,
quando uma rosa de sangue se abre de
par em par
nas janelas abertas pela pancada dos
ventos.
E aí,
caminhando para as fontes,
as mulheres do silêncio, as irmãs, as mães,
enchem os cântaros da sua melancolia.
Já se foram embora,
já ninguém as vê,
quando ao anoitecer as chaminés soltam
o fumo,
e mais longe, debilmente,
se ouve uma canção desesperada.

José Agostinho Baptista

ANJOS CAÍDOS, Assírio & Alvim, Outubro 2003

Sem comentários:

Enviar um comentário