Pequenos fantasmas (à minha dimensão)
provocam-me, alvoroçam-me as entranhas
do mesmo modo que as urtigas
me alvoroçam a pele.
Às duas por três, esgota-se-me a paciência,
e eis-me em guerra aberta contra eles.
Disparo então os meus quíries rotundos,
ineficazes como balas de borracha,
e eles ripostam com as armas que têm:
vaias, doestos, manguitos, carantonhas,
línguas de fora.
Há sangue (mas pouco) de parte a parte.
Por fim, os beligerantes retiram
cada qual para seu lado do campo de batalha,
lambendo as feridas.
E eu lambo as minhas com volúpia,
impaciente da próxima escaramuça.
Porra, mas alguém acredita nisto?
A. M. Pires Cabral
Telhados de Vidro N.º 23 . Novembro . 2018
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