5.10.21

Fernando Echevarría (1929-2021)

Abstraído. Mas todo, corpo de si no pulso,
campeia além de si e a si estranho.
A luz, à volta, cumpre só vir do susto
de ver-se, de repente, separado
do outro corpo de jacência, mudo,
e onde ainda reinaria o espaço.
Que aqui tudo é primeiro. Ou tudo último.
Porque o tempo ficou naquele lado
em que se conta o percurso
por pontos sucessivos do seu trânsito.
Agora, somos prumo.
Vultos duríssimos durando,
com todo o corpo fora de nós. No pulso
que descobre outros em sua luz de espanto.


Fernando Echevarría

Sobre os Mortos, Edições Afrontamento, Porto, 1991

Sem comentários:

Enviar um comentário