4.12.11

QUOTIDIANO

Morre todas as noites uma águia
que só de minha vida se alimenta

Que mistura de cânhamo e de carne
no seu rosto de carne me desvenda

Morre todas as noites no momento
em que volta a nascer de madrugada

E para lhe fugir ainda é cedo
E para celebrá-la já é tarde

David Mourão-Ferreira

LIRA DE BOLSO, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Novembro de 1969

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