11.11.13

Soneto omnívoro

Pois eu gosto do bucho e da fressura,
dos ossos da suã, da focinheira,
do redanho, do lombo e da assadura,
da morcela de sangue à farinheira;

saboreio o arroz de sarrabulho
e celebro uma quente cabidela,
se o reco for cevado a lavadura
e de pica no chão se fizer ela;

gosto da burzigada, e da fartança
à mesa duma boa rojoada
(algumas bem me acodem à lembrança
quando enfrento uma posta de pescada);

omnívoro que sou, de boa boca,
gostava de gostar de mandioca.


© Domingos da Mota

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