Durs Grünbein
E manda-o também esperar a hora
de dar à luz a sua própria morte (...)
Rainer Maria Rilke
Por tardia que seja, é sempre cedo
Que se faz a viagem sem regresso,
Não sei se aliviada, se com medo
Da crença de que a vida tem um preço
A pagar no além, depois da morte.
Mas pior que a triste despedida,
Seria apresentar o passaporte
Da alma face à ausência de outra vida.
Outra vida haverá, havendo o ciclo
Do carbono que muda e transmuda,
E mesmo que o faça em contraciclo
Com a essência das coisas, talvez surda
Um ácido, uma base — uma semente
Que fecunde a matriz de um novo ente.
Domingos da Mota
Pequeno tratado das sombras, edição Busílis, 2018
Sentido e profundo...Comovente!
ResponderEliminarGostei, particularmente, deste seu poema.
ResponderEliminarNão lhe saberia explicar porquê, mas lembrei-me de A. Gedeão.
Uma boa tarde de domingo!
Analisando bem, justifica-se plenamente o seu comentário sobre a lembrança de António Gedeão:"Mandei vir os ácidos,/as bases e os sais", do belíssimo poema, "Lágrima de preta". Obrigado.
EliminarContinuação de uma boa tarde de domingo!
Belíssimo soneto das horas. Adorei. Abraço.
ResponderEliminarGostei muito do seu poema. Abraço
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