em cada verso insinuo
um metal, uma rasura,
uma voz, uma figura,
um avanço e um recuo,
um disparo, a ganga impura
de alegria, raiva, amuo,
ou da irónica amargura
de medir a arquitectura
das luas que não possuo,
e a razão, fria impostura
da romântica aventura.
junto o mais que não excluo,
dia a dia, e que perdura
a estalar o que construo.
Vasco Graça Moura
uma carta no inverno, Quetzal Editores, Lisboa, Março de 1977
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