11.2.17

VONTADE

Debruço-me num rio de palavras,
alimento de nada
que se vai esvaindo do meu pulso.
Apenas serve a seres
que não voltam como antes.
É isto ter morrido,
nomear o pinheiro manso
e não ser o que foi, um rosto.
Não te dissolva a pena.
A uns mortos resta o choro;
a outros, o silêncio.
Recorda a tundra
para cima do círculo polar,
sem bétulas nem flores,
recorda essa paisagem
mais nua do que um claustro
e deixa escrito
que espalhem nela as tuas cinzas.

Nuno Dempster

Eufeme, magazine de poesia, n.º 2 (Janeiro/Março 2017) Editor e coordenador: Sérgio Ninguém 

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