9.3.17

[Os velhos são manhosos]

Os velhos são manhosos.

Demoram-se a apanhar a fruta, sabem
que sabem esticar o braço antigo até aos primeiros figos,
que podem saber chegar ao fim da figueira.
Os velhos arrastam os pés em direcção à saída,
esgotam-se ao sol seguinte.
Cortam-se por vezes no vidro de emergência,
no buraco para o exterior.
Têm visões extraordinárias,
receitas específicas para o barroco do poema
e do mel.

Escrevo para os velhos.

Filipa Leal

VEM À QUINTA-FEIRA, Assírio & Alvim, Porto, 2016

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