Viver consiste em ir perdendo coisas:
o leme do ar nos cabelos, os amores,
as lembranças, os remos dos dias felizes.
Ao dizer-lhes adeus com a mão
deixamos no ar a casca da despedida,
vemos passar as bicicletas sem ninguém
a caminho da ferrugem, a arder sem som.
Outros invernos cegaram as lanternas,
apagaram os binóculos e ficamos mais longe.
A cerveja de gengibre bebeu-a o sol do fim do dia
e a empada de carne, tal como a infância
foi comida pelas moscas.
Jesús Jiménez Domínguez
ensinar o eco a falar, tradução de Maria Sousa, edição do lado esquerdo, exemplar 15/100, Coimbra / Fundão, Abril de 2017
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