1. Estou a tentar escrever um poema.
2. A vassoura está no canto.
*
1. I'm trying to write a poem.
2. The broom is in the corner.
Aram Saroyan
outono [de COMPLETE MINIMAL POEMS], tradução de Francisco José Craveiro de Carvalho, colecção: Poetas da Eufeme, edição de Sérgio Ninguém, Leça da Palmeira, Janeiro 2017
29.7.18
26.7.18
Dia cinco / Day five
Hoje o
carteiro trouxe-
-me um haiku
de Issa.
Pela
nova legislação
antiterrorista
teve de ser
traduzido
para Inglês
antes de ser
entregue.
Dezanove sílabas
em tradução literal.
Paguei mais portes de correio.
*
Today the
postman brought
me a haiku
from Issa.
Under the
new anti-
terror
legislation
it had to be
translated into
English before
delivery.
Nineteen syllables
in literal translation.
Excess postage was charged.
Mark Young
Tradução de Francisco José Craveiro de Carvalho, Eufeme, magazine de poesia n.º 8, Julho/Setembro 2018
carteiro trouxe-
-me um haiku
de Issa.
Pela
nova legislação
antiterrorista
teve de ser
traduzido
para Inglês
antes de ser
entregue.
Dezanove sílabas
em tradução literal.
Paguei mais portes de correio.
*
Today the
postman brought
me a haiku
from Issa.
Under the
new anti-
terror
legislation
it had to be
translated into
English before
delivery.
Nineteen syllables
in literal translation.
Excess postage was charged.
Mark Young
Tradução de Francisco José Craveiro de Carvalho, Eufeme, magazine de poesia n.º 8, Julho/Setembro 2018
24.7.18
ESTÁTUA
Juventude de pedra,
Ó estátua, ó estátua do abismo humano...
Todo o tumulto após tanta viagem
Uma rocha corrói
À flor dos lábios.
Giuseppe Ungaretti
SENTIMENTO DO TEMPO, selecção e tradução de Orlando de Carvalho, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Fevereiro de 1971
Ó estátua, ó estátua do abismo humano...
Todo o tumulto após tanta viagem
Uma rocha corrói
À flor dos lábios.
Giuseppe Ungaretti
SENTIMENTO DO TEMPO, selecção e tradução de Orlando de Carvalho, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Fevereiro de 1971
20.7.18
ARTE POÉTICA
Este poema tem vírgulas
De sol,
Pausas de sombra,
Suores frios.
Não tem ele outra coisa:
Febre alta,
Ferida aberta,
Cratera nua.
Divindade vulgar,
Ícone destroçado,
Não nos resta senão
Fazê-lo.
Cada um sabe de si
E o poema de todos.
José Pascoal
SOB ESTE TÍTULO, Editorial Minerva, Lisboa, Setembro de 2017
De sol,
Pausas de sombra,
Suores frios.
Não tem ele outra coisa:
Febre alta,
Ferida aberta,
Cratera nua.
Divindade vulgar,
Ícone destroçado,
Não nos resta senão
Fazê-lo.
Cada um sabe de si
E o poema de todos.
José Pascoal
SOB ESTE TÍTULO, Editorial Minerva, Lisboa, Setembro de 2017
12.7.18
Falámos tantos anos de tão pouco
Falámos tantos anos de tão pouco
entre os campos
do corpo
a fala fende os dentes
o corpo que te ouve ampara
a tua fala
É o último dia mas que dia
poderia deter assim a boca
dizíamos ainda que viríamos
ouvir-nos um ao outro
a fala dolorosa encontra os dentes
e olho a tua boca como um corpo
Gastão Cruz
Teoria da Fala, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Julho de 1972
entre os campos
do corpo
a fala fende os dentes
o corpo que te ouve ampara
a tua fala
É o último dia mas que dia
poderia deter assim a boca
dizíamos ainda que viríamos
ouvir-nos um ao outro
a fala dolorosa encontra os dentes
e olho a tua boca como um corpo
Gastão Cruz
Teoria da Fala, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Julho de 1972
3.7.18
AVENTINO
1.
Tudo é divino e trágico,
saboreia-se o fel do verbo
o leito do delírio, a sílaba.
João Rasteiro
A DIVINA PESTILÊNCIA, Assírio & Alvim, Março 2011
Tudo é divino e trágico,
saboreia-se o fel do verbo
o leito do delírio, a sílaba.
João Rasteiro
A DIVINA PESTILÊNCIA, Assírio & Alvim, Março 2011
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