22.8.18

CRIA-SE A MORTE NO TEU LEITO ABERTO

Cria-se a morte no teu leito aberto
entre a rosa deleite e a buganvília
que em mim tinge-se o peito de vermelho
Sei que fazia sempre o meu nó cego

Na vaga cintilante dorme um monstro
marinho que se esconde nos desertos
Apenas se apercebem as doninhas
do rodar deste tempo noites frias

A cal viva lacrado um sobrescrito
existe algures no reino da Moirama
oscila o templo o pêndulo vazio
Cai nos espaços mortos do sigilo

José Afonso

Textos e canções, 3.ª edição revista, Organização Elfriede Engelmayer (1.ª edição, Organização J. H. Santos Barros), Relógio D'Água Editores, Outubro de 2000

2 comentários:

  1. José Afonso - um grande poeta, negligenciado pelas antologias dos especialistas da especialidade, passe a especificação.

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  2. Belo poema!

    José Félix

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