O ar pesa demasiado nas folhas
que coroam os troncos decepados
e assim murmuram, invisíveis e frondosas
Às vezes, espreitamos da porta
as raízes resistentes, reerguemos
a altura dos ramos, mas eles furam-nos
os olhos e sacodem os pássaros
contra todos os vidros
Ei-los que volteiam, de peito colorido
agonizando na zona
mais exposta das caldeiras
Há dias em que se ouve um pouco mais
ou por causa da chuva, ou do vento
ou do tempo que de todo nos cai
um comboio que atravesse o rio
sons da maresia, e agora tão só
os ecos surdos no fundo do corredor
e outras tantas coisas
sem um nome que se diga
José Manuel Teixeira da Silva
TUTANO, Revista de Poesia, Teatro e Todas as Artes, nº Zero, Poetria, Porto, Agosto de 2019
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