1.8.20

BALADA DAS MULHERES NO RIO

À memória de Jorge de Sena


As mulheres lavam no rio
o lixo quotidiano
e, às vezes, salta um peixe
da roupa ou um oceano

onde elas flutuam
como nenúfares cinzentos,
onde são só vegetal
vivência sem desespero,

onde são manhãs ou noites
ou nenhum tempo sequer,
onde são serenas coisas
ou nada se se quiser.

António Rebordão Navarro

[Longínquas Romãs e Alguns Animais Humildes, Ed. Asa] O POVO, MEU POEMA TE ATRAVESSA, Antologia poética de língua portuguesa nos cem anos da revolução de outubro, Selecção e prefácio, Francisco Duarte Mangas, Modo de Ler - Centro Literário Marinho, Lda., Porto

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