O galo cantou três vezes
e ninguém me negou.
Cristo não sofreu um enxovalho assim.
Ele tinha Pedro, um grande negador,
não precisou de passar por esta coisa chata
de ninguém nos negar, mesmo tendo o galo
cantado três vezes.
Enfim, c'est la vie. Mas cante o galo
ainda uma quarta ou quinta vez,
que eu - que remédio - lá me irei negando
pelos meus próprios meios.
Que os tempos não vão para exigências
e em tempo de espingardas
não se limpam guerras.
A. M. Pires Cabral
Frentes de Fogo, Edições Tinta-da-China, Lda., Novembro de 2019
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