As suíças,
Meticulosos, solenes, esses gestos
Redondos e ridículos,
Que envolvem o som de um mundo tão pequeno
E soleníssimo.
Madeiras enceradas com o bafo
Amarelento da respiração nacional do mando.
O país passa nas vozes, as casacas estremecem nos seus
púlpitos,
Meus amigos, a nação ergue-se
Agradecida.
Sento-me na rasa e desdourada sala do meu corpo,
Já sofri o bastante nos meus nervos doentes.
Apanho o pó das sílabas,
E recolho-me ao chão dos meus castigos:
Amar amargamente a pátria.
De norte a sul, nessa névoa de saudade e fingimento
O povo cala, a burguesia arranha,
A nobreza consente. Sou um civil da ética, falta-me
Provavelmente o baraço ao pescoço, o empenho
Das barbas.
Um gesto de grandeza pode ter a medida inútil
Dum mar árido de peixes,
Dum céu sem uma nuvem sobre o chão
Terrivelmente seco, sedento,
Se não soubermos perdoar a barbárie
À nossa volta.
É como se uma onda de vento se erguesse
Lenta mas fulminante contra o nosso perfil sonhado por outras
vozes
Quiméricas
E a nossa própria voz não tivesse de súbito
Resposta
E tudo e todos fossem sempre só
Uma pergunta.
Armando Silva Carvalho
ANTHERO, AREIA & ÁGUA, Assírio & Alvim, Junho 2010
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