a garrafa de cerveja na cabeça do tâmil,
um cirurgião nas urgências,
para coser o crânio.
E vice-versa.
Por cada perito de desminagem
pondo em risco a vida,
um negociante de armas.
E vice-versa.
Por cada violador, uma mulher
com a faca de cortar os bifes na mão,
por cada trabalhador da segurança social
um neo-nazi, e por cada um que ganha bem
um inspector de finanças, e para
cada monstro uma doce madonna, e vice-versa.
Ah, tanto que fazer
para cada um de nós:
nem se vê o fim.
Hans Magnus Enzensberger
66 POEMAS, Tradução, notas e posfácio: Alberto Pimenta, Edições Saguão, Outubro de 2019
66 POEMAS, Tradução, notas e posfácio: Alberto Pimenta, Edições Saguão, Outubro de 2019