os poemas são assim coisas que a gente
lê nos livros de versos. há quem diga
que são coisas que a gente sente.
que se fazem quando se rima ante com
violante mas eu prefiro não perceber isso.
os poemas é quando a gente queima os
fósforos todos da carteira ou bebe o vinho
todo da garrafa ou lê um livro do
princípio ao fim ou estamos simplesmente
o olhar ou não dizemos nada ou não
fazemos nada ou caímos nus na mulher
nua ou escrevemos amo-te ou telefonamos
ao acaso ou os poemas são seres
que nascem ciclicamente. agora por exemplo
vou deixar crescer a barba.
José Alberto Marques
M. Alberta Menéres E. M. de Melo e Castro, Antologia da Poesia Portuguesa 1940-1997, 2.º Volume, Círculo de Poesia Moraes Editores, Lisboa, 1979:342
18.9.24
OS POEMAS
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