26.9.24

ÚLTIMA FORMA

Poe. Pound. Pós.
Baudelaire entra no ar
como uma bandeira.
Somos esses passos
perdidos no deserto:
neste lugar-comum nenhum
em pedaços.
Nem sumários.
Sumimos, sim
na sombra, no suor
e o boom do sol
– nu, solo, martelo –
com sua nota de luz
é a última ondalarme
que chega no espaço
no começo deste chão
em que vou cortando tudo
com uma faca que cega.


Armando Freitas Filho


POESIA BRASILEIRA DO SÉCULO XX DOS MODERNISTAS À ACTUALIDADE, selecção, introdução e notas Jorge Henrique Bastos, Antígona Editores Refractários, Lisboa, Fevereiro de 2002

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