3.1.25

soneto das hora de ponta

labirinto das luras: andar vivo
numa lura de veios de aço e luz
que num silvo macio te conduz
o corpo respirando colectivo

no ar, ora abafado, ora lascivo,
dos empurrões desencontrados, dos
magotes, pisadelas e recuos
quando as portas abertas fazem crivo.

das estações do ano só o espectro
por debaixo da terra desengata
um eco em estações que têm perfumes

de suor e azulejos: turbas, metro,
em que tu vais como sardinha em lata
mas depois te libertas em cardumes.


Vasco Graça Moura


uma carta no inverno
, Quetzal Editores, Lisboa, Março de 1997

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