Sempre admirei dos bichos
a magnífica destreza. Mesmo sem
alma, filosofia ou pátria,
defendem os limites
da pele e dos ameaçados territórios
onde se ocultam, no auge vital dos parcos anos.
Sempre admirei o desinteresse
soberano com que as fêmeas assistem
às competições masculinas e como
se mantêm independentes
e mestras na arte da caça
e sustento das crias, sem pensão
de alimentos ou outras demandas.
A sua maior tragédia
é serem tantas vezes criados
para serviço e digestão de bípedes
com alma, pátria e filosofia.
Inês Lourenço
COISAS QUE NUNCA, & etc, Lisboa, Julho de 2010
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