11.3.14

Elegia para um não-poema

Não acodem as palavras
tão afastadas de mim
nem sequer as mais caladas
nem uma só, e assim
vou acabar o poema
antes de o ter começado,
ou melhor, o não-poema
ficará silenciado

pois não surdiu uma letra
nem uma sílaba só,
uma palavra discreta,
mas apenas este nó
na garganta que sufoca
e lacera o céu-da-boca.


© Domingos da Mota

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