A febre parece-se com Deus.
A loucura a última oração.
Longo tempo bebi por um estranho cálice
feito de álcool e de fezes
e vi na maré do copo os peixes
atrozmente brancos do sonho.
E ao erguer o copo digo
a Deus, ofereço-te este suplício
e esta hóstia nascida do sangue
que de todos os olhos brota
como que ordenando-me que beba, como que ordenando-me que
morra
para quando por fim for ninguém
ser igual a Deus.
Leopoldo María Panero
POESIA ESPANHOLA DE AGORA/ POESÍA ESPAÑOLA DE AHORA, volume I, pág. 159, de Joaquim Manuel Magalhães, Posfácio de José Ángel Cilleruelo, Relógio d'Agua Edoitores, Lda., Lisboa, Janeiro de 1997
Sem comentários:
Enviar um comentário