23.3.14

SONETO FUNCIONÁRIO

Agente que sou vil do desperdício,
funcionário sem rosto e sem vergonha,
pior que rama reles, meretrício,
redundância fatal que nem se sonha

nos piores pesadelos das Finanças,
imagem que o desprezo fez profundo,
como lixo deixado das mudanças
ou esgoto a escorrer de um torvo mundo,

recuso-me a pensar por vossas mentes,
olhais-me e eu sou só indiferença,
e meus actos se fazem mais ausentes
à medida que o ódio em mim pensa.

Este foi o soneto funcionário
que escreveu um poeta panfletário!

Luís Filipe Castro Mendes

A MISERICÓRDIA DOS MERCADOS, Assírio & Alvim, Porto, Janeiro de 2014

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