14.8.15

Peste grisalha

Falemos de peste, 
da peste grisalha,
se não te esqueceste
do homem de palha
que useiro e vezeiro
em ser desalmado
saiu a terreiro
e ofendeu o estado
que ora carregas
em cima dos ombros,
depois de refregas,
assombros, disputas,
caminhos, percursos,
canseiras, labutas.

E lê o discurso 
sobre o filho-da-puta,
se o apoiaste,
lhe deste o teu voto,
julgando que o traste
não era um garoto,
isto é, seria
alguém confiável
e não, quem diria,
um ser detestável.

Não esqueças a peste,
a peste grisalha,
de quanto perdeste,
mesmo que não valha
a pena a canseira 
de fazer as contas,
mas de tal maneira
que quando repontas 
ao tom do insulto,
te lembres do agravo,
por muito que o vulto
não valha um centavo.

© Domingos da Mota

(Versos 2 e 26, citam uma expressão lida e ouvida através da comunicação social; 
versos 15 e 16, citam o título de um livro de Alberto Pimenta). 


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