Essa que um dia disse "fosse eu
mais atenta aos sons e ouviria
gorgolejar a água", agora,
das árvores, ela ouve
o eco da folhagem sem o movimento.
Das ondas, escuta
a absoluta linha silente do horizonte.
De Bóreas, ela sabe
que o inaudível vário vento
no que é diverso traz o mesmo.
E ouvinte de leitor, alheio e seu,
ela ouve o som das suas letras
e aprende que os silêncios breves
somente são um eco das palavras
e que o total silêncio é no Todo
o máximo eco para que tende a voz.
24/5/94
Fiama Hasse Pais Brandão
CANTOS DO CANTO, Relógio D'Água Editores, 1995
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