7.4.20

O AR APENAS

Donde
te vem
o sono
carne
de febre
ainda
não contida
febre
funesta
que ultrapassa
o som
avião vivo
que voa
sob
o peito
das aves
que no vento
dispersam
todo
o pranto?
O ar
apenas
rarefaz
as lágrimas
bebe
o ácido
feroz
que nem
as nuvens
vivas
o algodão
das penas
retém
no tempo
na rigidez
dum corpo.

Armando da Silva Carvalho

OS OVOS D'OIRO, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Setembro de 1969

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