Iam com o silêncio de Deus à sua ilharga
E colhiam do chão o trevo e a hera
Como se não houvesse amanhã.
Até que alguém inventou a antropofagia,
O garfo e a colher, a faca de trinchar
E todos começamos a dar tombos
Nas veredas e nas zonas limítrofes
Dos quintais. Daí à invenção
Dos muros foi um passo, dizem alguns
Que com muita utilidade, sobretudo as crianças
E os gatos. Por mim, fazem diferença.
Estranho-lhes o peso e a condição oblíqua
Com que interferem com a minha independência.
Amadeu Baptista
POEIRA ESCURA, editora Eufeme, Leça da Palmeira - Portugal, Janeiro de 2021
Sem comentários:
Enviar um comentário