20.6.23

Teatro de sombras

Fosse o começo, mas é quase o fim;
e o fim começa quando principia
o lusco-fusco, a meia-luz que o dia
deixa medrar até que a noite em si
derrame a escuridão (o sol deserte
para o lado de lá do oceano),
enquanto deste lado sobe o pano
do teatro de sombras que promete
entrar em cena, sendo o palco o ser
que enche de ilusões o seu vazio
velado pela crença, e ao arrepio
da luz que a razão procure ter
sobre deuses vingativos ou demónios
no altar de incensados unicórnios.



© Domingos da Mota

1 comentário: