vai-se perdendo a voz quase silêncio
um corpo agora oco gasto frio
a morte é uma cor que foi escolhida
para encontrar a direcção do vento
o homem que foi feto que foi um peixe
que foi o ar que foi o sangue e o gesto
atravessa o mar com círculos nos braços
possuído no seu próprio destino
na descoberta dos focos submarinos
ao nível das estrelas mais brilhantes
e no entanto desde há muito extintas
pode encontrar-se o grande amor final
pesar-se no seu som e qualidade
garganta de alcatrão fundente
vai-se perdendo a voz, quase silêncio
Manuel de Castro
EDOI LELIA DOURA antologia das vozes comunicantes da poesia moderna portuguesa, organizada por Herberto Helder, Assírio & Alvim, Lisboa, Janeiro de 1985
Manuel de Castro, um dos surrealistas do café Gelo!
ResponderEliminarFoi uma boa surpresa encontrá-lo aqui.
Tenho por aí «A Estrela Rutilante», vou ver se encontro o «Último Poema Possivelmente de Amor»
e o ponho lá na minha chafarica. Ele anda tão esquecido. E não merece.
Obrigada por esta boa surpresa.
Cheguei ao poeta Manuel de Castro através da antologia onde colhi o poema. E, infelizmente, é um dos bastante esquecidos. Daí o tê-lo trazido para o blogue, para combater essa desmemória.
ResponderEliminarAgradeço a leitura e o comentário.