O REMOTO REI DOS CORVOS,
Edgar Allan Poe,
deixa cair do seu bico,
no centro de uma biblioteca,
os restos de uma musa.
Cansados de tanta melancolia,
os ratos montam à sua volta um circo.
«Annabel Lee», «Annabel Lee»,
guincham os bichos,
repartindo os ossos entre si.
Mostram os dentes,
esticam-lhe a pele.
Sabem que o poema
não tem outro precursor
a não ser a fome,
nem outro seguidor
a não ser o crime.
Golgona Anghel
COMO UMA FLOR DE PLÁSTICO NA MONTRA DE UM TALHO, Assírio & Alvim, Maio de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário