Lembrança do que foste se recorta
como esperança do porvir; que venha
o tempo então em que não mais detenha
o corpo à mente, que só ela importa;
chegue o dia em que a vida seja morte
que de ilusão a sua base tenha,
e todo amor se esvaia que provenha
de se não ter passado a estreita porta;
isto rezo em meu peito, disto penso
e todo o mundo se me vai suspenso
do que me surge firme livramento;
mas à frente de mim a estátua chora
da que, voltada para trás, implora
a forma, o som, a cor, o movimento.
Agostinho da Silva
Inéditos, in Golpe d'asa, Revista de Poesia, CLEPUL e GOLPE Edições, Lisboa, Novembro de 2011
Desconhecia esta faceta de Agostinho da Silva, aqui a demonstrar toda a força que a vida importa e comporta.
ResponderEliminarJuvenal Nunes