Meu Deus como eu sou paraliterário
à quinta-feira véspera do jornal
nadando em papel como num aquário
ejectando a minha bolha pontual
de prosa tirada do receituário
onde aprendi o cozido nacional
do boçal fingindo o lapidário
- fora algum deslize gramatical -
receio que me chamem extraordinário
quando esta é uma prática trivial
roçando mesmo o parasitário
meu Deus dá-me a tua ajuda semanal
Fernando Assis Pacheco
A PROFISSÃO DOMINANTE, in A MUSA IRREGULAR, Assírio & Alvim, Lisboa, Novembro de 2006
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